quarta-feira, 9 de junho de 2010

Charles Bukowski




Retirado do livro de Charles Bukowski, "Pulp", uma novela que conta a saga de Nick Belane, um detetive de segunda categoria que perambula pelas ruas de Los Angeles. Até que recebe um trabalho de uma bela dama, que atende pelo nome de "Dona Morte", trabalho em que terá de obter informações acerca de Celine, uma pessoa que desde muito tempo, foge da morte. A trama fica cada vez mais densa, quando Nick Belane descobre que além de ter que solucionar o mistério pro trás de Celine, percebe que na verdade existem muitos outros, tão intrigantes quanto, e para piorar a situação, todos apresentam uma certa ligação!

O autor com seu jeito sarcástico e irônico consegue nos transmitir bem, todo o submundo no qual o protagonista vive, além de claro, ter conseguido criar uma personalidade única. Se manter preso a esta obra não é difícil, com sua narrativa rápida, direta e cheia de ação a todo momento!

"Ele desfia sua história com habilidade de mestre. Um Rabelais percorrendo o mundo noir? A divina sujeira? A maravilhosa sordidez? Um acerto de contas com a arte? Uma homenagem? Uma reflexão sobre o fim da vida? E tomara que a morte estivesse linda, gostosa e sexy, quando encontrou o velho Buk poucos meses depois de ter posto o ponto final nesta pequena obra-prima."

L&PM Pocket

Pág. 86 - "Pulp"
"Esperamos e esperamos. Todos nós. Não Saberia o analista que a espera é uma das coisas que faziam as pessoas ficarem loucas? Esperavam para viver, esperavam para morrer. Esperavam para comprar papel higiênico. Esperavam na fila para pegar dinheiro. E, se não tinham dinheiro, precisavam esperar em filas mais longas. A gente tinha de esperar para dormir e esperar para acordar. Tinha de esperar para se casar e para se divorciar. Esperar pela chuva e esperar pelo sol. Esperar para comer e esperar para comer de novo. A gente tinha de esperar na sala de espera do analista com um monte de doidos, e começava a pensar se não estava ficando doido também.
Devo ter esperado tanto que dormi e fui acordado pela recepcionista, que me sacudia, dizendo:
- Sr. Belane, sr. Belane, o senhor é o próximo.
Era uma mulher velha e feia, mais feia do que eu. Me assustou, com o rosto tão próximo do meu. A morte deve ser assim, pensei, como essa velha.
- Doçura - eu disse -, estou pronto."


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